Xangô é a divindade da justiça, dos raios e do trovão. Representado pelo elemento fogo e pelas cores marrom e vermelho, ele também simboliza o equilíbrio e as realizações. Rei da cidade de Oyó, o orixá justiceiro castiga os mentirosos, os ladrões e nada fica impune aos seus olhos. Possui um machado de duas faces, que protege seus filhos das injustiças e traz a lei do retorno para quem pratica o mal.
De acordo com um dos itãs (lendas), Xangô era um poderoso rei e guerreiro que governava o reino de Oyó. Vestia-se de vermelho, a cor do fogo e que simboliza a realeza, e lutava com um machado de duas lâminas chamado Oxê. Seu reino possuía fartura de água e de alimentos e todos viviam muito alegres, com danças e festas.
O valente guerreiro, porém, como era muito vaidoso, não gostava de pessoas pobres e mal-vestidas, então ordenava que seus guardas prendessem qualquer pessoa descuidada que aparecesse pelo caminho. Um dia, eles encontraram o feiticeiro Exu, conhecido como guardador dos caminhos. Como estava maltrapilho, Xangô o ameaçou e expulsou do reino, ordenando que nunca mais voltasse. Irado, Exu prometeu se vingar.
Algum tempo depois, Oxalá, pai de Xangô, resolveu visitar o filho. Sabendo disso, Exu preparou sua vingança: apareceu no caminho de Oxalá e pediu-lhe ajuda para carregar barris de azeite. Como era bondoso, não recusou, mas Exu acabou derramando o azeite na roupa do pai de Xangô. Exu apareceu outras vezes durante a viagem tramando sua revanche, sujando-o com carvão e sal. Percebendo que sua roupa estava imunda, Oxalá tentou lavar-se em um riacho, mas a sujeira não saía de jeito algum. Isso porque estava enfeitiçado por Exu.
Ao chegar aos portões do reino, os guardas não o reconheceram e, achando se tratar de um mendigo, bateram nele e o prenderam. Na prisão, Oxalá encontrou muita gente inocente e injustiçada e amaldiçoou o reino, que passou a ter fome, sede e muita tristeza. Depois de 7 anos, desesperado que a grande seca não acabava, Xangô consultou um sábio adivinho, que revelou o acontecido. No mesmo instante, mandou buscarem seu pai na prisão, dando-lhe banho, alimento e cuidando de seus ferimentos.